Capítulo 2: Sonhos em construção.
Acordei de manhã cedo e pensei: “ótimo, hoje estou de castigo!” abri minha janela e olhei para o quintal dos fundos. Vi minha mãe jogando uma porção de moveis antigos no meu esconderijo. Quando olhei aquilo fiquei muito assustado, só pensei em trocar rapidamente de roupas, pois eu estava de camiseta e samba-canção, e ir correndo para o quintal dos fundos para impedir minha mãe de destruir meu esconderijo.
Chegando perto do esconderijo minha mãe não me viu e continuou a jogar um monte de móveis no meu cantinho enquanto resmungava.
- Pára mãe! – Tentei segurar um Criado-mudo das mãos dela.
- Garoto, esse canto já causou problemas demais. – Minha mãe não tinha superado o meu sumiço de ontem á noite, ou melhor, hoje mais cedo.
- Mãe, eu gosto muito de ficar ali! Faz isso não! – Quando eu tentei segurar mais um móvel da mão da minha mãe ela me acertou com uma madeira na minha cara, desmaiei.
Acordei assustado, era o horário do almoço, pois eu podia sentir o cheiro de frango no ar. Eu estava com uma gaze na bochecha esquerda e um copo com água na cabeceira da cama. Tentei levantar sem sentir dor na cabeça, não sei se o golpe de madeira que eu levei foi acidental ou não, mas sei que doía. Fiquei em pé e comecei a caminhar em direção á janela. Abri a cortina com uma mão e vi o que jamais queria ver, meu cantinho estava cheio de móveis velhos queimados. Fiquei triste ao ver aquilo. Lembrei-me das coisas que eu fiz dentro daquele canto. Divertia-me brincando de “Guerra do Vietnã” com meus soldadinhos, Cantava algumas clássicas canções que eu ouvia milhares de vezes na casa do meu avô, por mais que a letra sempre estava errada, eu me divertia cantando. Agora minhas raízes, todas estavam cobertas por móveis antigos queimados.
Minha mãe abriu a porta e veio andando em minha direção e me abraçou.
- Me desculpe pela pancada, Aquiles. – Minha mãe estava com um cheiro de queimado.
- Tudo bem, isso não é nada... Mas por quê? – Abri a cortina e apontei para o canto com os móveis.
- Filho, eu quero te proteger. Arrume outro canto para brincar, mas não aquele e agora desce, o almoço está pronto. – Minha mãe saiu e não fechou a porta, deixou encostada e eu ouvi alguma coisa. Uma música, apenas piano e voz. Estava saindo da casa do meu amigo Luiz. O estômago então roncou e desci logo para almoçar.
Cheguei á mesa e a comida estava posta bem quente e minha mãe já tinha começado a comer.
- Onde está meu pai? – Perguntei e minha mãe não respondeu – Cadê meu pai?
- Está trabalhando e você sabe muito bem, não deveria nem ter perguntado. – Minha mãe ficou nervosa derrepente.
- Desculpe, a madeirada apagou minha memória! – Falei com o intuito de magoar ela, e consegui.
- Garoto, come e cale essa sua boca. – Minha mãe falou e voltou a olhar para o prato. Então a acompanhei no silêncio e almocei bem rápido.
Terminando de comer, fui ao banheiro, escovei meus dentes e tirei o curativo da bochecha para ver como estava o machucado. Era um corte não muito profundo, mas, longo ia de debaixo da orelha até quase meu lábio e minha Têmpora estava roxa. Fiz um novo curativo e escutei novamente a mesma música tocando na casa do Luiz. Decidi ir lá para saber qual era a bela música que ele estava tocando.
Desci as escadas e abri a porta e fui andando para o portão, saber finalmente que música estava mexendo comigo. A casa do meu primo não é nem um pouco longe, é do lado da minha.
Cheguei e dei de frente com um pequeno portão de grade e chamei pelo nome de Luiz.
- LUIIIIIIIIZ! – Gritei infinitas vezes e ninguém respondia. Até que a Tia Elizângela apareceu na janela, levantei meu braço e dei um tchau. Ela me fez um sinal de “espere” e alguns segundos depois a música parou.
Vi a cabeleira de Luiz aparecendo e vindo com um sorriso em minha direção. Luiz era alto, tinha um cabelo grande, moreno e um liso natural, mas ele passava algumas coisas para ficar melhor. De preto como sempre.
- Diz ai, Aquiles! – Apertamos nossas mãos e fui logo ao assunto
- Cara, gostaria de saber que música que estava tocando ai.
- Qual música? Tocou milhares hoje de manhã.
- Uma com piano e que...
- Vamos entrando! – Luiz me interrompeu e me puxou para dentro do quintal.
- Cara! Onde tu arrumou isso? – Apontou para meu machucado no rosto.
- Eu levei um tomo e aconteceu isso.
- Nossa... – Luiz ficou surpreso.
Entrei na casa de Luiz e logo vi a “Tia” Elizângela na cozinha, lavando os pratos. Entrei na cozinha para falar com ela.
- Oi meu anjo! Ela deu um beijo na minha bochecha boa e quando viu a outra levou um susto. – Nossa! Como aconteceu.
- Bem... Eu...
- Ele caiu mãe... Acredita? – Luiz me interrompeu.
- Nossa, Aquiles, cuida desse machucado direitinho hein!
- Pode deixar Tia Elizângela. – Sai da cozinha e continuei escutando o barulho da água caindo na pia.
Entrei no quarto de Luiz. Ele estava com uma porção de CDs de rock. Estava tocando um chamado de “AC/DC”, adorei a banda. Ele foi dando uma porção de CDs de rock na minha mão e um me chamou a atenção. Estava escrito na Capa “Evanescence” e tinha uma bela mulher morena na capa.
- Luiz... Coloca esse aqui... – Entreguei o CD do Evanescence na mão dele.
- Evanescence? Ta né? Não gosto muito, se gostar pode ficar com esse CD. – Luiz então colocou e CD e fiquei ouvindo com muita atenção. Ouvi três músicas, a quarta chamou minha atenção, olhei á trás do CD e a quarta música se chamava “My Immortal”. Aquela música me deu vontade de chorar era a que eu tinha ouvido no meu quarto e quando estava no banheiro.
- Luiz... É esse aqui. – Virei o CD na direção dele e ele nem olhou porque estava entretido com sua Les Paul, me disse que eu podia levar. Levantei da cama, apertei a mão do Luiz que me levou até no portão, mas antes passei na cozinha, falei com a Tia Elizângela e sai da casa de Luiz. No pequeno trajeto, todo tempo eu olhava para o rosto delicado da moça morena, voltei correndo para casa do Luiz.
- Luiz! LUIIIZ! – Gritei um pouco histericamente até que ele apareceu.
- FALA! – Estávamos conversando por gritos.
- QUAL NOME DESSA MULHEER?
- DE QUEM?
- A MULHER DA CAPA! – Levantei o CD do Evanescence.
- AMY LEE! AMY LEE! – Ele gritou e eu fiz um positivo com a mão.
Voltando mais uma vez pra casa, fiquei pensando. “Jamais vou conhecer ela, mas minha carreira vai começar por aqui”. E fiquei sonhando mais uma vez comigo cantando para um público enorme e muito famoso, entrei muito feliz em casa. Era uma quinta-feira. Eu finalmente iria entrar no ginásio, estava um pouco animado com isso e faltavam apenas uma semana para o recomeço das aulas. Minhas férias não foram muito animadas, apenas cantei e visitei meu avô coisas da minha antiga rotina. Eu não tinha amigos ao derredor da minha casa e nem na antiga escola. Agora eu tinha boas músicas em minhas mãos para cantar, tudo corre bem.
2 comentários:
Ameeeeeeeeeeei! =)
Obrigado :)
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