quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Capítulo 3: Meu primeiro combate.

Capítulo 3: Meu primeiro combate.

Último dia das férias, tenho que aproveitar muito bem esse domingo, o que me restou fazer? Estudar a letra das músicas do CD que o Luiz me deu. Fiquei a manhã inteira no quarto e nem tomei banho apenas fiquei ouvindo a majestosa voz da Amy Lee enquanto eu lia as letras e tentava gravá-las em minha mente. Sou um fracasso em Inglês. Pelo menos consegui aprender uma música.
Foi quando meu pai entrou pela porta e me olhou com um brilho maligno nos olhos e então sorriu.
- Moleque! Levanta daí e vai lá pra baixo.
- Porque, pai? – Achei meio estranho meu pai falar assim comigo.
- Sim senhor... – Desconfiado fui andando em direção a porta, onde meu pai estava parado de braços cruzados com a cara fechada.
- Ei, ei, ei, ei, ei, ei! – Meu pai me parou
- Sim? – Perguntei confuso
- Trate de tomar um banho! Você está fedendo!
- Sim senhor -  me virei e fui em direção ao meu banheiro. Nesse banho não cantei, estava um pouco preocupado com o que meu pai queria, então tomei um banho muito rápido para acabar logo com minha angústia.
Fui descendo as escadas devagar e vi o que jamais sonhei.


Vi minha mãe com os braços vermelhos sentada no chão, chorando e soluçando desesperadamente e meu pai estava sentado na poltrona da sala logo acima dela.
- Venha aqui seu bastardo cuspido por essa vadia! – Fiquei com muito ódio do que ele falou sobre minha mãe.
- Essa vaca falou que você é um cantor. Diga a ela, Aquiles, que você vai ser algo melhor do que isso. Diga Aquiles! – Meu pai começava a me assustar muito, se levantou da poltrona e ficou na minha frente. – Fale! Eu não sou um cantor.

Reuni todas as forças que tinha e comecei a cantar um trecho da música-tema do Titanic chamada também de “My heart Will go on”. Meu pai me acertou um tapa de mão virada na minha cicatriz da madeirada da minha mãe, o que fez meu corpo todo tremer.
- Diga Aquiles! EU-NÃO-SOU-UM-CANTOR-DE-MERDA! – Eu não disse nada e continuei cantando e outro tapa me veio á cara quando eu caí e chutes na minha costela vieram. Enquanto eu apanhava, minha mãe chorava muito e tentava dizer “pare”, mas só se ouvia gemidos dela. Foi quando eu tive a minha iniciativa numa parada da série de chutes e pontapés, fiquei de pé, encarei meu pai e chutei com a sola do pé seu joelho, quando ele caiu no chão soquei sua cara, enquanto minha mãe se derramava em muitas lágrimas e gritos.
Apenas uma coisa me fez parar de socar meu pai. Vi Fernando na cozinha, seus olhos estavam com um brilho triste, estava com um pijama, e um ursinho e um boneco do superman nas mãos. Levantei rapidamente, ajudei minha mãe a se levantar e pedi para ela ir ver meu irmão.

Meu pai estava inconsciente, sem saber o que fazer, sentei na poltrona do meu pai e fiquei observando ele friamente, seu sangue escorria do nariz e da sobrancelha esquerda e seu joelho estava quebrado. Chamei uma ambulância.
Depois de quinze minutos de espera, os paramédicos chegaram em minha casa, junto com a polícia, claro. Levaram meu pai e passaram um remédio nos hematomas da minha mãe e limparam a ferida do meu rosto. Minha mãe registrou um boletim de ocorrência de agressão. Eu estava sentado no segundo degrau que tem na minha porta de entrada olhando a viatura da ambulância ir embora e minha mãe chorando com Fernando no colo, quando vi um pacotinho pardo, amassado e jogado no canto. Levantei-me e fui ver o que tinha naquilo.

Abri o pacote com todo cuidado, lá dentro tinha um CD novo do Evanescence, a única banda que eu ouvia e tinha uma camisa com a foto da Amy Lee, que eu adorei. Tinha também um bilhete dizendo: “Boa sorte, saiba que eu estou com você. Do seu vizinho, Luiz”. Mesmo depois de uma tribulação que passei pude abrir um sorriso, não muito grande, mas um sorriso. Aquele bilhete me deu forças para continuar. Pude dizer bem baixinho comigo mesmo “obrigado amigo”. Eu estava pronto para enfrentar o que iria acontecer na escola, estou mais forte.
Fui até minha mãe no portão e dei um abraço nela e em Fernando.
- Filho, muito obrigado por me proteger.
-Mãe... Saiba que eu sempre vou estar do seu lado.
- Não ligue para o que o Alexandre disse, vc é um ótimo cantor e vai ser bem sucedido nisso.
- Obrigado pela confiança mãe, olhe o que Luiz me deu.
- Nossa, que é essa mulher linda na camisa? Sua namorada? - Minha mãe deu um sorrisinho
- Quem dera mãe... Essa é a Amy Lee, minha vocalista favorita.
- Muito legal... Agora vai descansar, filho. - Minha mãe entrou no quarto junto com meu irmão. Tomei outro banho silencioso e tentei dormir, mas algo me amedrontou.
E se meu pai voltasse e matasse minha mãe e Fernando? Levantei da minha cama quando esse pensamento me veio. Fui até a cozinha e peguei a maior faca e mais pontuda, tranquei a porta do quarto da minha mãe, joguei a chave por baixo da porta e lá dormi, protegendo minha família até que a morte me impeça disso.

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