terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Capítulo 1: Meu talento descoberto

Capítulo 1: Meu talento descoberto.

Meu nome é Aquiles, hoje tenho 16 anos, tudo o que acontecerá aqui, não foi apenas comigo. Muitas outras pessoas também sofrem ou já sofreram. O nome de meus pais são Carine e Alexandre, tenho um irmão mais novo com 4 anos com o nome de Fernando, meus avós não moram com minha família mas também são muito importantes para mim, vale muito a pena falar deles. Seus nomes são Abigail e Alfredo. Meus primos e minha tia se mudaram para o Canadá, não fazem parte da história. Pelo menos dessa. Tenho, ou pelo menos tinha uma namorada, ela me traiu quando eu adoeci, foi assim que descobri que ela jamais me amou. Não tenho ódio dela, mas também não ligo mais para ela, seu nome era Alice. Quando eu chorava, ela enxugava as minhas lágrimas. Eu a amava. Mas prefiro esquecer para sempre de Alice e contar com quem eu posso.


Não fui uma criança pra lá de muito alegre, muito saudável ou que os amigos da escola gostavam de brincar. Eu não era de uma família rica, por isso as crianças me ignoravam um pouco, eu não tinha muitos brinquedos e ficava olhando elas brincarem. Em casa era onde eu mais ficava feliz na vida. Eu tinha um esconderijo no fundo do quintal, era um pequeno corredor sem saída, o chão de terra batida e tinha alguns soldadinhos cravados na areia, eu sempre descobria uma nova brincadeira a cada vez que eu entrava naquele cantinho eu fazia invenções, cantava e por ser um “cantinho secreto” nunca mostrei aquele lugar á ninguém, quer dizer, a quase ninguém. Uma noite, eu tinha feito 10 anos e fui logo correndo para o meu cantinho, cantar, pois no ano seguinte ia começar numa nova escola. Talvez os dias de me ignorarem finalmente iriam acabar. Comecei a cantar: Melissa,More Than Words e I Can't Get No, milhares e milhares de vezes por muitas horas eu acho, até que escutei alguém chamando desesperadamente pelo meu nome. Não tinha idéia de quanto tempo fiquei no meu esconderijo. Era meu avô Alfredo, quando escutou minha voz, veio andando em direção ao meu cantinho me chamando.
- Aquiles... Você está ai Aquiles?- Com muita vergonha sai do meu esconderijo.
- Estou aqui vô.
- Menino danado! Onde se meteu? Já passam das 2 horas da manhã, sua mãe está desesperada procurando você!
- Mas, eu só estava aqui em um esconderijo que eu tenho desde quando eu era criança.
- Mas o que você estava fazendo ai, Aquiles?
- Bem... Cantando...
- Vai valer a pena, meu netinho? Apanhar de sua mãe para cantar? Quero ouvir uma canção, Aquiles... – Meu avô estava me pedindo para cantar uma canção qualquer para ele, estava convivendo com ele durante 10 anos, mas não podia deixar de ficar com vergonha.
- Sim senhor vô... – Então cantei “I Feel Good” do James Brown, com a letra toda errada, mas meu avô não percebeu.
- Garoto... – Meu avô estava em choque. - ... Você canta muito bem! Mas vamos logo meu pequeno cantor, sua mãe está te procurando.


Com um aperto no coração, deixei meu avô me levar de mão dada até a minha mãe, que estava chorando muito e nervosa com uma xícara na mão.
- Sua peste! Minha mãe chegou perto de mim pra me acertar um tapa, mas meu avô me protegeu.
- Calma, Carine! O menino só estava cantando, ele perdeu a noção da hora.
- Não me interessa o que ele estava fazendo! Eu me preocupei com você Aquiles!
- Me perdoe, mamãe... Não farei nunca mais. - Prometi, acompanhando minha mãe com as lágrimas.
- Acho bom você nunca mais fazer mesmo! Agora vai dormir! E você está de castigo amanhã! - Minha mãe secou as lágrimas e tomou mais um gole do que eu achava que era algum chá calmante. Minha mãe moveu o braço e logo percebi que sua mão estava tremendo muito, ela estava a beira de uma ataque nervoso.
- Tchau vô. - Sai de trás do meu avô e entrei pela porta.
- Me perdoe mais uma vez mamãe... - Entrei e logo fui subindo as escadas para ir no banheiro, tomar um banho e dormir. Pude escutar uma conversa entre meu avô e minha mãe, era de madrugada, como estava tudo silencioso, eu podia ouví-los como se eles estivessem ao meu lado

- O menino tem talento, você deveria levar em conta! - Ouvi meu avô falar
- Pai, amanhã eu converso com ele... Agora o senhor precisa descansar. - Minha mãe estava muito mais calma, ou o chá fez efeito ou ela se acalmou mesmo. Escutei passos nervosos e rápidos na sala. Era meu pai
- Acharam o menino, Carine? - Meu pai parecia muito estressado
- Acharam sim, meu amor. Meu pai disse que ele estava cantando em um cantinho no quintal dos fundos.
- Cantando? - Meu pai pareceu surpreso com o que minha mãe falou.
- Pois é Alexandre, ele disse que o Aquiles cantou uma música do tempo dele, e muito bem.
- Amanhã nós enquadramos ele e pedimos pra cantar alguma música para nós dois pra saber, tá bem?
- Tá bom, amor... Agora vamos deitar. - Consegui ouvir o estalo do beijo dos dois e fiquei enojado com isso. Ficou então um silêncio na casa inteira e na rua.
- Eu sou um cantor... - Pensei comigo mesmo e então sorri. Tomei um banho rápido e logo entrei no meu infantil quarto e começei a cantar bem baixinho "Pais e Filhos" do Legião Urbana. Começei a sonhar com meu futuro de cantor, me apresentar em lugares cheios e ter muita fama,fui embalado pelo majestoso silêncio da madrugada e adormeci com um sorriso bem largo no rosto.

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