Capítulo 4: Descobri a Paixão.
Um brilho demasiado atinge meus olhos, abro os olhos e percebo que realmente dormi na porta do quarto de minha mãe. Levantei e senti uma dor imensa nas costas. Fui até a cozinha guardar a faca. Tomei um café forte, apesar de nunca ter tomado café nenhum. E vi a blusa da Amy Lee jogada no sofá, o que me lembrou de uma coisa.
- HOJE EU TENHO AULA! – Gritei dentro da cozinha e fui correndo procurar um relógio. Eram 06h20min, eu não estava tão atrasado assim. Tomei um banho rápido, coloquei os cadernos novos dentro da minha mochila, vesti minha calça, coloquei desodorante e em seguida a blusa da Amy Lee, meu cabelo estava um pouco grande e caía por meus ombros. Estava ótimo, pelo menos para mim.
Tranquei a porta de casa e fui andando para o portão quando vi Luiz sair do portão de sua casa também. Andei em direção á ele para agradecê-lo pelo CD e pela blusa.
- Muito obrigado, Luiz! – Ele se virou e estendeu á mão para eu apertá-la, e fiz.
- Não tem problema, Aquiles. Humanos têm que se ajudarem, ainda mais quando forem amigos.
“Amigos”, então sou amigo dele. É a primeira vez que alguém me diz isso. Fiquei muito feliz e deixei isso transparecer. Começamos a andar na calçada, ele mais uma vez estava de preto.
- Será que você pode ir ali comigo? Rapidinho! – Luiz parou de andar porque pareceu que se lembrou de alguma coisa.
- Bem... Claro – Falei
- Então me segue. – Luiz começou a andar mais rápido, mas na direção oposta da escola, no meio do caminho, comecei a me assustar um pouco. Por um instante achei que Luiz iria me levar para algum problema.
Paramos em frente á uma casa com o muro não muito alto, um portão normal e um de garagem cinza. Luiz tocou a campainha e alguns instantes depois o portão se abriu, lá de dentro saiu uma garota... Bem bonita. Luiz á cumprimentou com um beijo, um selinho, na verdade. E me disse o que eu esperaria que ele me dissesse.
- Aquiles... Essa é a Ana, minha namorada.
- Olá Ana! – Dei um sorriso e olhei nos olhos dela. Ana estava usando um short jeans, com uma meia arrastão preta por baixo, tênis all-star, blusa com meia-manga preta, um colar de coração preto também, um cabelo não muito longo e um piercing no lábio inferior. Fiquei com vergonha ao ter conhecido uma garota do colegial, mas foi assim que conheci Ana.
- Luiz... Vamos? – Perguntei.
- Vamos andando. – Luiz sorriu e começou a andar eu fui atrás dos dois para não “segurar vela”. O caminho inteiro foi só eu escutando Luiz, falando coisas no ouvido de Ana e ela dando alguns risinhos de vez em quando. Eles eram completamente felizes.
Chegamos enfim na minha “escola nova”. Senti-me uma formiga no meio de tanta gente alta e sorridente. Estava perdido, não sabia onde estavam Luiz e Ana, então vi um quadro á minha frente que estava escrito com letras pratas brilhosas: “Ache aqui sua turma”. Andei até o quadro e desviando de muitas crianças coloquei meu dedo na lista do 6°ano. Procurei meu nome na letra “A” e não achei, olhei na lista ao lado e lá estava.
“02. Aquiles Carvalho Gonçalves”. Estou na turma 602.
Logo procurei minha sala, a escola era imensa, o único rosto conhecido era o da Amy Lee, que estava na minha camiseta. Então um cara chegou perto de mim.
- Olá, vejo que você tá perdido... Meu nome é Matheus! – Ele era muito simpático e talvez seria o meu primeiro amigo naquela escola.
- Oi Matheus, meu nome é Aquiles. Sim estou um pouco perdido... Pode me dizer onde é a sala 602 ? – Falei com um pouco de vergonha.
- Ahh, claro! – Apontou em direção á um corredor em minha direita – Entre ali, a segunda porta á esquerda.
- Obrigado, Matheus! Até mais. – Então me virei e entrei naquele corredor. Matheus estava certo, vi uma placa na porta que dizia:
TURMA 602
5°SÉRIE
6°ANO
Com um frio na barriga, escutei a voz de alguém mais velho, por isso, bati na porta. Um silêncio se fez do outro lado quando ouvi.
- Entra! – Obedeci a essa voz e virei a maçaneta. Quando entrei, tinha uma professora de aparentemente 37 anos, loira, e usava um vestido verde-maravilha bem escuro que combinava perfeitamente com seus olhos verdes.
- Meu nome é Carine, mas me chame de Professora Carine...
- Sou Aquiles, e Carine é o nome de minha mãe – Sorri quando falei.
- Não me interessa se meu nome é parecido com o de alguém, você está atrasado, sente-se ali. – Ouvi alguns risinhos da turma enquanto me dirigia para o meu lugar. Na terceira carteira ao lado da janela, no canto, onde se podia ver a quadra da escola. Virei-me para a lousa e a Professora Carine que me esculachou na frente de todos, estava escrevendo no quadro. Ela lecionava Inglês. Comecei a copiar para não ter mais problemas no meu 1° dia de aula.
Logo no finalzinho da aula, ouvi batidas na porta.
- Entra! – A Professora Carine rugiu.
- Bom dia alunos! Bem-vindos! Sou a Diretora Eliza, pra quem não me conhece. Estou aqui para entregar a vocês a lista de livros que precisam. Desculpe ser tão em cima da hora, mas houve um problema com a nossa Editora. Vou fazer uma chamada, quando ouvir seu nome levante e venha aqui pegar. – Então a Diretora Eliza foi chamando: Alberto, Alexandre (fiquei com muita raiva quando ouvi esse nome) até que ela falou um nome: Alice.
Uma garota linda levantou de trás de mim, como eu não a vi? Alice tinha um cabelo longo com mechas loiras, chamadas também de Mechas Californianas, e usava uma calça justa preta, um all-star preto e uma blusa de meia manga vermelha. Distraí-me tanto com Alice que quase não ouvi a Diretora Eliza chamando meu nome até que a Professora Carine gritou:
- ATRASADINHO! VEM AQUI! – Eu pulei da carteira e levantei sem graça para buscar a lista. Aproveitei para dar mais uma olhada em Alice. Não lembro direito de mais nada que aconteceu, Alice realmente mecheu comigo. Quando “acordei” estava voltando pra casa com Ana e Luiz, eu só tinha uma coisa na cabeça, ou melhor, uma pessoa na cabeça:
Alice.
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