quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Capítulo 6: O Retorno.

Capítulo 6: O Retorno.

Dizem quem o tempo passa rápido. Que um ou dois anos longe da sua antiga vida, dos seus amigos não são muita coisa, realmente não são. Mas SEIS anos longe de tudo são muita coisa. Por mais que eu abandonei tudo durante tanto tempo assim, nada mudou. Na minha primeira apresentação cantando “The Kill” do Thirty Seconds to Mars, todos me aplaudiram de pé. Mas isso não impediu os “caras legais” de me darem uma surra por ter ganhado do amigo deles. Falei com o diretor sobre isso, nada foi feito. Fiquei muito feliz quando minha mãe entrou no meu quarto e disse que iríamos voltar para a antiga casa no mês seguinte. Por mais que eu estivesse feliz, não vou esquecer-me do que aconteceu durante esses SEIS anos de tortura:

Meus dois primeiros anos na escola nova foram pacatos, eu tirava notas boas, não tinha amigos e vivia o dia inteiro treinando minha voz...
Quando fiz treze anos, os caras do 2°ano do Ensino Médio ficavam implicando comigo, por eu não ter amigos e gostar de Metal, Rock e outros.
A primeira brincadeira foi atirarem pilhas e bolas de gude em mim enquanto eu subia as escadas, jogavam borrachas e amendoins em mim, roubavam minha mochila e eu a achava dentro de alguma lixeira na escola e até mesmo na rua.

Aquele ano eu pude suportar a tudo. Quando fiz quatorze, me deram cinco banhos de sorvete de creme derretido, e na saída da Educação Física, me amarraram e envolvendo um sabonete numa toalha molhada, deram 17 batidas fortes: dez na barriga, cinco no peito e duas na cabeça. Eu queria me vingar.
A gota d’água foi num concurso da escola que eles me jogaram água. Fui atrás de Jorge, um dos que faziam isso comigo. Comecei a bater nele em um corredor. Eu socava sua cara, e o enforquei com um cinto.
- Olhe nos meus olhos cara, você está me matando. – Jorge conseguiu dizer mesmo sem ar direito em seus pulmões. Soltei-o, não fui feito para matar. Saí dali rápido. Naquele ano, não ouve mais provocações ou agressões.

No ano seguinte, fiz quinze anos, os caras do 2° ano tinham se formado e eu achei que conseguiria viver em paz. Pelo contrário. Jorge não era do 2° ano, era do 1° ano, então ele e alguns caras continuaram me importunando. E a última coisa que fizeram foi essa surra que eu levei. Minha mãe ficou revoltada, queria logo ir embora, eu também. Fui parar no hospital com um braço quebrado e o orgulho pior que quebrado. Levaram meu troféu.
Para não falar que eu não tinha amigos, eu tinha um. Seu nome é Caio. Conhecemo-nos no show de uma banda local. Ele não estava no hospital comigo, foi atrás dos caras para buscar meu troféu. Ele apareceu cinco dias depois, na porta da minha casa, todo machucado e com meu troféu sujo de sangue. Dei um abraço nele e minha mãe cuidou dos machucados de Caio. Liguei para a mãe dele e expliquei a situação. Caio passou aquela noite na minha casa.

Agora tenho 16 anos, eu estava á um mês das minhas férias de Julho. Minha mãe entrou no meu quarto e me deu a noticia da nossa volta. Comecei a cantar Metallica. Eu estava realmente muito feliz. No dia seguinte eu tinha dado a notícia a Caio, ele não ficou muito feliz, mas entendeu.
Agora a pergunta é... Como e aonde pegaram meu pai? Não pegaram. O “Alexandre” numa fuga bateu com o carro e morreu na hora, para piorar...
Levou Luiz junto da merda que ele fez. Luiz está em coma no hospital, com as duas pernas quebradas e com traumatismo craniano.

Fiquei com vontade de ressuscitar meu pai para poder eu mesmo matá-lo novamente, mas isso não era possível. Tive que me contentar com o ódio no coração e maldições que roguei pra alma dele. Fiquei tentando imaginar como Ana estava se sentindo.

Chegou o dia, com as coisas arrumadas e Fernando já sabendo falar e andar voltamos para a antiga casa.
- Irmão... Quando agente chegar, brinca comigo? – Fernando estava animado em se mudar.
- Claro. – Dei um sorriso para ele e voltei a olhar pela janela do carro.
Depois de 8 horas de viagem e apenas 3 paradas, pude avistar minha casa se aproximando do carro. Comecei a sorri muito, finalmente poderia ver minha velha casa novamente. Tudo bem, eu admito... Queria ver Alice.
Fiquei esses 6 anos inteiros imaginando como ela estaria. Se continua linda e misteriosa, algo me dizia que sim. Mas eu queria ter certeza.

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